sábado, 12 de maio de 2012

O ABSOLUTO EXPERIMENTADOR DA LIBERDADE



O Absoluto está ativo lá onde o homem age de acordo com a pura vontade do Eu. Aquele que atua a lei do Absoluto, no existir se torna idêntico ao Absoluto. Se torna dominador da Lei: é livre: o seu centro consciente coincide com a que nele o faz ser, enquanto absoluto: a imanência do Divino se torna vida nele. A Luz se torna Vida. A Luz da Vida é Amor. O Amor é o perene absolutizar-se da Vida.
O surgimento de uma chama sempre mais vasta, quanto mais pura ela seja, responde ao querer sempre mais abnegante do Eu. A própria extinção é para o Eu o crescimento da própria força. Poder absoluto de uma liberdade que nasce do ser divino do Eu: quando o Eu tiver extinguido toda dependência do terrestre, mesmo estando e experimentando nas categorias terrestres, querendo-se nestas e não recusando a identidade, então brilhará como sua absoluta liberdade, como arbítrio absoluto, o seu ser divino.
Mergulhar na profundidade indizível, no absoluto deserto da transcendência, na essência nua de si, significa encontrar a imanência radical do Eu, o princípio da libertação sepultado na fisicidade corpórea. Mas qual relâmpago pode golpear tal pedra, se não aquele que emana do esgotamento humano? Que devolve à mineralidade a sua função primordial,
Sinal abismal da pureza original? A direção é aquela da máxima Luz além da cortina da máxima escuridão.
A “ressurreição” é então o tema, o absolutamente novo, o inesperado sacrifical, o que não tem nenhuma semelhança com o passado e mesmo assim contém tudo, não deixa nada de fora, e ao mesmo tempo é o imenso inesperado, infinitamente cognoscível, infinitamente habendum. A máxima doação é então imediata, fácil: o máximo sacrifício, o mais difícil, o mais desumano, se torna fácil, humano: está todo contido em um ato só. A ressurreição: o crescer na vida nova, como num mundo que nunca esteve no tempo. É o ato de cooperação universal.
Para aquele que atua este ser livre, o oposto – qualquer que seja sua natureza – desaparece: é absorvido nele ou cessa de existir: o âmbito de tal estado mágico é puramente formal: é o elemento puro da indeterminação, onde domina o ente mais livre das determinações, aquele cujo ser se torna lei para o outro. Surge transcendentalmente o princípio criante como momento da absoluta incindicionalidade: é necessário compreender tudo, não ser condicionado por nada, querer tudo em si, cada ser em si, cada ser em si, de modo que cada ser se sinta levado, ajudado a ser, a exprimir, a se alegrar por causa deste íntimo surgimento, no qual brota o querer libertador do absoluto experimentador da liberdade. Este querer é um poder do Amor infinito que conduz cada ser para sua realidade original: restabelece a harmonia, a poesia, o acordo.

Massimo Scaligero –
de uma carta à um discípulo em janeiro de 1975
o original em italiano encontra-se no site www.larchetipo.com revista mensal de inspiração antroposófica, setembro de 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário