sábado, 5 de maio de 2012

Luz além das trevas

O texto original em italiano encontra-se no site : www.larchetipo.com - revista mensal de inspiração antroposófica – edição de agosto de 2005.

O calor da alma é o sinal da vida na matéria vivente: o derreter da neve na grande geleira da alma. E é um mar de luz que se torna calor até a incandescência que queima sem suprimir a vida, porque é mais que a vida. É mais que a vida, porém tem necessidade de um veículo anímico para fluir pura no sangue (meditação da rosacruz) como, luz que eteriza o sangue: lá onde, apanhado pelas forças do querer animal, se torna calor dos instintos ativo até o pensamento. Onde o pensamento se livra dos sentidos, derrete a vida do calor dos sentidos, e este calor sempre será solicitado à pura relação do sangue com o Eu, ao invés de solicitá-lo à ligação da vida com a esfera dos instintos, ou seja, com a natureza animal.
É verdadeiramente necessário encontrar a Luz: reencontrá-la, porque em volta só existem trevas. A Ísis-Sophia é a reação da Luz, o reaflorar do antiquíssimo som. É a evocação de uma força mais essencial que o pensamento. Se vê então a essência do pensamento que suprime todos os invólucros através dos quais se chega nela: a essência como realidade primeira, que devora cada energia ou matéria para recriá-la: vórtice puro, vazio mais que o vazio. È a essência do pensamento como essência atômica, como ponto no qual o poder do Eu está no pensamento, porém extingue o físico, etérico, astral, como puro centro criativo.
É necessário conhecer a barreira poderosa da escuridão vencida pelo Logos, para entender com qual potência de ímpeto deve ser encontrado o centro-raio da Força. Além de tudo. Além de tudo, se pode levar até o fim a corrente da coragem e da vitória.
O segredo de cada vitória é encontrar a inspiração do Logos através de tudo. Tudo é duro, difícil, às vezes desagradável, tirando raras gratas operações do dia: mas tudo se torna fácil, superável, desimportante diante do esplendor do Logos. É necessário encontrar a força das co-relações além de tudo, em cada momento. Reencontrar o centro de cada coisa, ou a sua essência, o seu conteúdo espiritual, é o segredo para não ser tragado ou ferido.
As asperezas se multiplicam, se trançam, se combinam, tentando fazer um único assalto: o importante é deixá-las se neutralizarem reciprocamente. Porisso, não leve nada a sério, não ceda. Tudo ocorre para suscitar novas forças.
O espírito é premente no humano: o pensamento empurra as forças mais altas na alma. A intensidade do pensamento se torna penetração do Espiritual na surdez da natureza psico-física. Esta penetração do Espírito è uma vitória contínua do pensamento sobre si mesmo: a necessidade de uma contínua, heróica, autosuperação.
Cada ser que iniciou a viagem de volta em direção à Luz criadora, deve ter como guia a música da lembrança, o eco do Reino que deve reencontrar. Deve reencontrar a direção correta, além do amontoar-se das coisas adversas, das pequenas maldades, que é necessário saber juntar para vê-las como um nada, ou seja como o símbolo daquilo que deve ser destituído de conteúdo. O símbolo daquilo que deve ser superado. Mas às vezes è tão denso o ajuntamento das barreiras que é necessário ser rápido no contemplar e dissolver. Nada é verdade: deve ser reencontrado o nível mais alto. Tudo é um jogo diante do Eu que se encontra centro do Divino no mundo. Dissolver com o pensamento o Mal para que dele surja o Espírito encarcerado no horror. Este é o primeiro movimento da alma que quer encontrar a alma do mundo.
MASSIMO SCALIGERO
(de uma carta a um discípulo em janeiro de 1973)

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